Uma noite em frente ao computador, uma taça de vinho e muitos planos. Foi assim que se iniciava a viagem em comemoração aos 30 anos de minha amiga Deyse*. Com algumas mudanças de rota (segue normal, acontece), mas a mesma empolgação, após a ideia ser formulada e o destino decidido (Ceará, estamos á caminho), passamos para o restante do grupo: Jhony*, Alessandra* e Nayra*.
São cinco personalidades distintas, mas com uma mesma paixão em comum: viajar! Após muitas conversas, mudanças de planos, pesquisas e tudo o mais, um ano após a decisão de realizar esta viagem eis que cinco amigos embarcam para o que seria a comemoração mais marcante dessa amizade que começou na faculdade.
Eu e Nayra desembarcamos primeiro. Após muitas horas de voo e uma noite dormindo no chão do aeroporto (não olhe assim, a prioridade era gastar no Ceará), finalmente chegamos em nosso lar temporário: Albergaria Hostel, que por sinal era muito aconchegante e bem localizado. Logo ao chegar já fomos informadas que o sexto integrante de nosso quarto era um espanhol chamado Pablo, o qual conhecemos depois e descobrimos ser muito gente fina (Ah, como eu amo essa interação dos Hostels). Chegamos perto da hora do almoço e procuramos um lugar para comer o mais rápido possível (sobreviver no aeroporto a base de bolachinhas e chocolates não é exatamente o que pode se chamar de "estar alimentada"). Escolhemos um restaurante de frente para o mar, saboreamos um bom peixe a delícia (peixe assado com molho branco) – que, além de muito saboroso, também veio bem farto, - e depois decidimos fazer uma caminhada pela praia de Iracema (ajuda na digestão, né amigos?).
Cincos Mochilas: fortalecendo laços de amizade e criando histórias pelo Ceará
A primeira parada não poderia ser melhor: sorveteria 50 sabores. O nome é o suficiente para te despertar desejos de entrar. O estabelecimento é bem antigo, um dos tradicionais no ramo, com sabores bem diferenciados como: caipirinha, seriguela, cajá, entre vários outros. Depois de provar a primeira vez, a vontade era de sair provando todos os outros. Considerando que tínhamos acabado de almoçar (mas isso é detalhe), nós nos olhávamos entre uma colherada e outra, como se disséssemos “quero mais, quero mais”, ao mesmo tempo, eu quase podia ouvir uma voz suave em minha cabeça “Sente necessidade de mais????” (aqui deixo uma piadinha interna, que só alguns amigos próximos vão entender, desculpem pessoal). Finalizamos nosso passeio na feirinha, que é muito popular. Compramos algumas lembrancinhas, e eu como uma boa viajante, sinto-me na obrigação de deixar aqui uma informação de utilidade pública: ao comprar imagens e esculturas de ambulantes que te abordarem pelo caminho, sempre verifique se realmente são mesmo feitas do material que lhe apresentarem. Você pode achar que saiu do local com uma imagem linda de Nossa Senhora, e descobrir um amontoado de papelão antes mesmo de chegar em casa. Nayra teve grandes aprendizados com isso. Paramos em um barzinho para (claro) um brinde, pela amizade, pela viagem, pelo Ceará, e tudo o que estava por vir.
Ao final da tarde, Alessandra nossa terceira integrante chegou. Saímos para comer e logo voltamos para o hostel para aguardar o restante do grupo, que chegaria mais tarde. Enquanto isso, esperamos da maneira que mais gostamos: fazendo amizade com o restante dos hóspedes. Pouco depois da meia-noite, chegam nossos últimos viajantes: Deyse e Jhony. Até que enfim! Agora sim, família reunida, fomos descansar e reunir energias para tudo o que o Ceará guardava para nós.
No dia seguinte, desfrutamos do (ótimo) café que é oferecido pelo hostel e seguimos para conhecer um pouco de Fortaleza: caminhamos pelo lado oposto da Praia de Iracema e seguimos para o mercado central. Eu, com uma leve dor de cabeça que me incomodava, apenas ignorei e segui com meus amigos pelo sol escaldante daquele dia, sem levar remédio ou água e com um histórico de enxaqueca no currículo (não repitam isso em casa, crianças). O mercado Central é o local perfeito para comprar as lembrancinhas de viagem: especializado em produtos artesanais cearenses, tem uma variedade incrível de coisas, desde doces típicos como rapadura e doce de caju, até biquínis, bolsas, chaveiros. E você ainda pode dar sorte e encontrar um grupo de forró fazendo um som por lá.
Próxima parada, praia do futuro: praia de areia clara, com mesas a beira mar, espaço de repouso com redes e um parquinho para as crianças. Ao desfrutar de um tempinho por lá, você corre o risco de encontrar o Ricardo vendendo os doces da Geni: não deixe de provar, vale tanto pelo sabor dos doces quanto pela simpatia do vendedor - algo de que, no meu caso, pude desfrutar por bem pouco tempo. A enxaqueca chegou com tudo e me obrigou a conhecer o espaço de repouso com redes antes do planejado. Deitei-me e por ali fiquei por quase todo o tempo em que estivemos na praia.
Ao final da tarde, Alessandra nossa terceira integrante chegou. Saímos para comer e logo voltamos para o hostel para aguardar o restante do grupo, que chegaria mais tarde. Enquanto isso, esperamos da maneira que mais gostamos: fazendo amizade com o restante dos hóspedes. Pouco depois da meia-noite, chegam nossos últimos viajantes: Deyse e Jhony. Até que enfim! Agora sim, família reunida, fomos descansar e reunir energias para tudo o que o Ceará guardava para nós.
Se quiser uma dica da Praia do futuro, posso te dar uma com toda autoridade: as redes são bem confortáveis. E caso você passe muitas horas no aeroporto, sem dormir nem se alimentar direito, caminhar por horas em um dia de sol forte sem se hidratar (e deixar o remédio para dor de cabeça no hostel, fazendo com que assim ela evolua para uma enxaqueca fortíssima), vale conhecer a UPA mais próxima, o pessoal é bem simpático. Sigam-me para mais dicas.
O dia seguinte começou cedo (e sem enxaqueca). Acordamos às 04h00, com saída programada para as 04h30 com o pessoal da agência de turismo que nos levariam até Jericoacoara. O percurso foi quase uma mini viagem: saímos de van, depois pegamos um ônibus e por fim, o famoso pau -de -arara — um caminhão com a carroceria adaptada para levar passageiros. O pau-de-arara se fez necessário pois não era possível chegar até Jeri com um carro particular (acredite, testemunhamos vários carros atolados pelo caminho). Hoje em dia, o trajeto já está mais facilitado com a presença do aeroporto, mas à época, todo esse trâmite era o único jeito de ir até lá. Muito quilômetros depois, finalmente, Jeri!
Ah, Jeri! Para mim, foi o ponto alto da viagem. Com cara de vilarejo e como se fosse um mundo á parte, você chega já com vontade de nunca mais sair, começando pelo hostel. Ficamos no Jeri Central, e eu simplesmente me encantei pelo lugar: bem localizado, camas ótimas, quartos aconchegantes (e com ar condicionado), piscina e redes na parte externa. Muito aconchegante. Isso sem falar no Gaúcho, como é conhecido o proprietário, que é muito atencioso e simpático. O almoço foi no Restaurante do bigode, onde fomos muito bem recebidos com bom atendimento, refeição farta e preço acessível. O melhor peixe da região, certamente é do Bigode. A grande atração local é o pôr do sol: das dunas, na areia ou de algum bar ali na beira do mar, todos se reúnem para contemplar e a visão é deslumbrante, impossível não se emocionar! De tão bonito e cativante, este mesmo pôr do sol se tornou nosso programa oficial de fim de tarde e nos fez optar por ficar mais um dia no que seria nossa última noite. Um pôr do sol.
Outra grande programação que tivemos em todas as noites foi o Forró. Sim, mais uma vez, a roqueira de plantão deixou-se cair nos encantos da cultura local — o que, diga-se de passagem, não é assim tão difícil. E a graça das viagens é exatamente essa: vivenciar o novo, deixar-se abrir ao que não nos é habitual, para podermos nos aprofundar em novos costumes. O forró acontece quase todos os dias; um deles, atrás da igreja de pedra. Para quem procura um pouco da cultura local é uma boa pedida; para aqueles que não fazem tanta questão, sempre rolam umas festas na praia com música eletrônica. Optamos pelo forró e foi divertidíssimo.
Nossos dias foram sempre muito cheios de coisas para ver, lugares para ir, pessoas para conhecer. Realizamos os famosos passeios para os lados Leste e Oeste (apenas entre nós: o lado Leste é muito mais bonito). Conhecemos a Lagoa Do Paraíso, a Lagoa Azul, a Árvore da Preguiça e Mangue Seco, entre outros lugares magníficos. E como já estávamos gostando da ideia de colecionar pôres do sol (agora te entendemos, Pequeno Príncipe), assistimos a mais um pôr do sol, desta vez da Pedra Furada. E a noite, tudo sempre acabava em forró! Em nossa última noite, contemplamos nosso último pôr do sol, para nos despedir deste lugar magnífico (com muita dor no coração, vale ressaltar). Um último pôr do sol, uma última caminhada pela vila e... pé na estrada rumo a Canoa Quebrada.
Foram seis horas de viagem até chegar em nosso destino — onde procuramos aproveitar ao máximo já que Jeri nos fez transformar o que seriam duas noites em Canoa Quebrada em apenas uma (não nos julguem, Jeri tem esse potencial). Procuramos de imediato uma equipe para o passeio de parapente, que foi sensacional! Passamos o dia na praia e fechamos nossa última noite juntos com muito Reggae no bar do Caverna. Pela manhã, a despedida e as partidas seguiram a ordem de chegada. Eu e Nayra fomos as primeiras a partir, nossos amigos nos acompanharam até o ônibus, e a cena sempre me emociona quando volta à memória: enquanto aguardávamos o ônibus, relembramos os últimos dias juntos, com muitas risadas e, assim que o ônibus chegou, fizemos uma roda e nos abraçamos simultaneamente e, da mesma forma, todos permitiram que algumas lágrimas rolassem pelo rosto.
Foi um momento rápido, mas aquele instante durou o tempo suficiente para ser eternizado. Após dias tão intensos, a cena foi inevitável. Lágrimas no rosto, coração com a certeza de que valeu a pena.
Sozinha ou reencontrando um grupo de amigos, as viagens nos proporcionam uma bagagem única e comprovam: o que realmente tem valor não é possível levar na mala. Valeu Ceará!!!!